
Diagnóstico de Esclerose Múltipla por Ressonância Magnética: Conheça os critérios e as atualizações de 2016.
A esclerose múltipla é uma doença incurável, mas que pode ter bons resultados se um tratamento adequado é instaurado precocemente. Tendo em vista a grande morbi-mortalidade dessa patologia, é de grande importância que seu diagnóstico seja feito o mais cedo possível. Para isso, é indispensável o uso de métodos de imagem, sobretudo a Ressonância Magnética (RM). Atualmente, critérios baseados em achados de RM podem ser diagnósticos da Esclerose Múltipla (EM).
A apresentação da EM em RMs já foi citada em outras publicações de nosso site (vide sinais em neuroradiologia), onde foram abordados os “dedos de Dawson”, um sinal clássico. Entretanto, critérios diagnósticos mais complexos e com mais acurácia foram desenvolvidos para o diagnóstico imaginológico da EM.
Em 2001 foram criados os critérios de McDonald, os quais foram revisados por último em 2010. Esses critérios definem que é necessário encontrar um padrão de progressão espacial E temporal nas imagens de pacientes passíveis de diagnóstico de EM. Esse método tem uma alta especificidade (>90%) e tem uma acurácia de 86%. Simplificadamente, os critérios de McDonald são como seguem:
Disseminação espacial:
Mais de uma lesão hiperintensa em T2 em pelo menos dois dos locais abaixo:
-Região periventicular
-Região Justacortical
-Região infratentorial
-Medula espinal (Se a lesão gera sintomas focais, não deve ser incluída na contagem)
Disseminação temporal:
Um dos dois métodos abaixo
- Surgimento de uma nova lesão (hiperintensa em T2 ou realçada por gadolínio) em uma RM subsequente (independentemente do tempo entre as duas)
- Presença simultânea de uma lesão assintomática realçada por gadolínio e de uma lesão não realçada hiperintensa em T2.
Contudo, a Medicina está sempre em constante atualização um workshop de experts em diagnóstico de EM (MAGNIMS) em publicação de 2016 no Lancet Neurology, sugeriu algumas alterações aos critérios de McDonalds de 2010.
Em resumo, as principais sugestões foram:
-Agora, para se considerar disseminação espacial por lesões em região periventricular, são necessárias 3 lesões em vez de uma. As outras localidades permanecem inalteradas.
-É incluída uma nova localização para avaliação de disseminação de disseminação espacial: O nervo óptico.
-É sugerida a substituição de “justacortical” por “cortical/justacortical” já que também podem ser vistas lesões corticais.
-Não seja mais realizada a distinção entre lesões sintomáticas ou não, sendo quaisquer lesões incluídas na contagem.
Casos especiais:
-Pacientes pediátricos:
Os critérios devem ser seguidos, desde que seja um indivíduo com mais de 11 anos e SEM clínica de Encefalomielite Disseminada Aguda.
-Esclerose Múltipla Primária Progressiva:
Antes, os critérios dessa subclassificação de EM eram diferenciados, mas atualmente se recomenda o uso dos critérios da MAGNIMS citados.
Ao suspeitar de EM em um paciente, sempre lembre dos principais diagnósticos diferenciais: Neuromielite Óptica (NMO) e Desminelinização Atípica. Essas doenças podem apresentar progressão temporal e espacial, confundindo diagnósticos.
Aqui apresentamos uma abordagem simplificada dos critérios. Para uma visão mais detalhada, leia o artigo original do consenso MAGNIMS.