
O Exame Neurológico ainda consiste em uma das maiores ferramentas para o estabelecimento do diagnóstico dos distúrbios que acometem o sistema nervoso. Os procedimentos e testes que compõem essa avaliação têm um grande embasamento científico e à medida que a ciência avança o Exame Neurológico passa por reformulações que só confirmam sua importância para o especialista e para o médico generalista. Dessa forma, nessa seção será discutido um artigo que trabalha a sensibilidade de alguns sinais que o paciente pode apresentar durante a avaliação neurológica e, consequentemente, o que esses sinais nos dizem. O artigo na íntegra está disponibilizado no final da página.
Os autores comentam o artigo de Alisdair McNeill a respeito de como evoluiu o Exame Neurológico ao longo do século XX, e ressaltam alguns sinais semiológicos simples de serem executados e fáceis de serem interpretados, considerando a importância de se avaliar a sensibilidade dos mesmos. Os sinais avaliados especificamente no artigo são:
Sinal de Chaddock
O sinal de Chaddock (SC) deve ser pesquisado realizando-se um estímulo com um objeto rombo, na borda
dorso-lateral do pé, exercendo movimento lento e contínuo e mantendo-se pressão firme. Inicia-se a
manobra 2-3 cm abaixo do maléolo lateral, continuando por aproximadamente 6cm adiante 21. A resposta
anormal consiste na extensão do hálux.
Sinal da espasticidade do olhar conjugado
O teste para aferir o SEOC é realizado estando de frente para o paciente e solicitando que o mesmo feche
os olhos. O examinador então gentilmente força a abertura das pálpebras, uma de cada vez, e observa a
posição dos olhos. Num indivíduo normal, na grande maioria das vezes os globos oculares estarão
desviados para cima ou para cima e oblíquos (fenômeno de Bell). Caracteristicamente, o SEOC é positivo
quando o desvio dos olhos ocorre lateralmente e para o lado oposto à lesão cerebral.
Sinal do quinto dedo
O SQD é examinado postando-se de frente para o paciente e solicitando que o mesmo com os olhos
fechados estenda os braços e dedos para frente com as palmas voltadas para baixo. O sinal está presente
quando o quinto dedo abduz, ou seja, afasta-se dos demais. Considera-se este como um dos sinais mais
sutis de hemiparesia leve.
Sinal do rolamento dos antebraços
A pesquisa do SRA consiste em instruir ao paciente que faça punho com ambas as mãos, sustente seus
antebraços na frente do tórax mantendo os cotovelos flexionados, de tal maneira que os antebraços se
transpassem, mantendo uma distância de cerca de 10 cm entre si, e então gire os punhos um em volta do
outro. O movimento deve ser mantido por cerca de 10 a 15 segundos em cada direção e o examinador julga
o movimento de um antebraço em relação ao homólogo. Na resposta normal os antebraços giram em torno
um do outro simetricamente. Na resposta anormal, o antebraço do mesmo lado da lesão cerebral orbita em
torno do outro.
Sinal do rolamento dos dedos
Para obtenção do SRD o paciente é instruído para elevar os braços na frente do tórax, cotovelos fletidos, e
colocar ambos os dedos indicadores lado a lado, estendidos e afastados cerca de 10 cm um do outro. Cada
extremidade distal apontando para a articulação metacarpo-falangeana contralateral. Os demais dedos
permanecem flexionados, e os indicadores – e somente os indicadores – giram um em torno do outro por
cerca de 10 a 15 segundos em cada direção. O sinal é positivo se o indicador do lado da lesão cerebral
orbitar o outro.
Sinal do rolamento do quinto dedo
No SRQD, a posição do paciente para o teste e a resposta esperada são as mesmas que as do SRD, exceto
que agora é o quinto dedo o estendido e o que deve girar em torno do seu homólogo, mantendo-se os
demais dedos fletidos.
Sinal do aplauso
O teste para obtenção do sinal do aplauso (SA) é simples e rápido. O sinal positivo auxilia a diferenciar
com alto grau de sensibilidade (81,8%) a paralisia supra nuclear progressiva (PSP) da doença degenerativa
frontal (demência fronto temporal) ou degeneração estriato nigral.
Ao paciente é solicitado que bata palmas três vezes (somente três vezes), o mais rápido possível, após ter
sido demonstrado pelo examinador.
O desempenho é considerado normal quando o paciente bate palmas somente três vezes (grau 3), ou
anormal (SA positivo), quando bate quatro vezes (grau 2), ou mais de quatro vezes (grau 1). Embora o
sinal possa ser graduado, tal aferição não se correlaciona com a intensidade da doença.
Sinal da marcha pé-ante-pé
Durante o exame da marcha, solicite ao paciente que caminhe dez passos consecutivos pé-ante-pé ao longo
de uma linha reta sem auxílio ou suporte e com os olhos abertos. O desempenho é graduado da seguinte
maneira: grau 0, nenhuma passada errada; grau 1, um único passo errado; grau 2, múltiplas passadas
erradas; grau 3, inábil para caminhar 4 passadas consecutivas desta maneira 2. Se a resposta ao teste for
anormal durante a primeira tentativa, deve ser dada uma segunda chance ao paciente, e o melhor
desempenho é então graduado.