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ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PROFUNDA – ECP (Deep brain stimulation – DBS)

 

INTRODUÇÃO É uma modalidade terapêutica introduzida nos anos 1980, que vem sendo aperfeiçoada neste século. Consiste em modular as atividades de estruturas profundas no cérebro – núcleos ou feixes -, aliviando sintomas de várias doenças no sistema nervoso central, fazendo uso de eletrodos muito finos cirurgicamente implantados nos alvos pretendidos. Tradicionalmente, abordaram-se distúrbios do movimento, como Doença de Parkinson, Distonias e Tremores; mais recentemente, vêm sendo tratadas afecções como a dor crônica e alguns tipos de epilepsia, além de condições psiquiátricas refratárias a terapia farmacológica. Ainda, em caráter experimental, estuda-se o uso da técnica na terapêutica de alguns tipos de Demência, de Transtornos Alimentares e de Toxicodependência.

TÉCNICA CIRÚRGICA

https://www.youtube.com/watch?v=7ftnWyMETtk

Os microeletrodos são implantados nos alvos relevantes aproveitando a técnica de estereotaxia com neuronavegação, na qual se associam os exames pré-operatórios de imagem para uma reconstrução 3D da anatomia do paciente, permitindo ao neurocirurgião ter a grande precisão requerida nesse tipo de cirurgia.

 

REVISÃO DE NEUROANATOMIA FUNCIONAL: NÚCLEOS DA BASE

Para entendermos o objetivo de instalar microelétrodos em estruturas subcorticais do cérebro, como são os núcleos da base, devemos compreender as funções dessas estruturas, bem como suas características anatômicas.

 

                                          Corpo Amigdaloide                                           Núcleo Caudado

                                                                                                   

Núcleos da base                                                     Neoestriado

                                         Corpo Estriado                                                  Putâmen

                                                                                                                                                                        Lentiforme          

                                                                            Paleoestriado           Globo Pálido (interno e externo)  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além desses, ao avaliar as funções dos circuitos que envolvem esses núcleos, podemos considerar o Núcleo Subtalâmico (no diencéfalo), a Substância Negra (no mesencéfalo, com suas partes compacta e reticulada) e o Núcleo Tegmental Peduncular Pontino.

Esses aglomerados de corpos neuronais conectam-se de maneira complexa, por meio de aferências (advindas do córtex), de eferências (que partem principalmente do/para o córtex e do/para o tálamo) e de conexões intrínsecas contendo praticamente todas as principais moléculas relevantes na neurotransmissão e na neuromodulação, modulando funções motoras, cognitivas e psicológicas. Isso faz dos núcleos da base alvos terapêuticos muito relevantes na clínica e, mais recentemente, na cirurgia.

As conexões do estriado para núcleos eferentes e desses para o tálamo são denominados Via Direta, que tem papel estimulatório.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De maneira contrária, a chamada Via Indireta compreende circuitos de inibição que conectam os núcleos entre si, freando as ações da via direta. Se há lesão de uma dessas vias, podemos ver exacerbação ou diminuição dos movimentos e emoções, que se manifestam de um lado como tônus muscular aumentado, tiques, alterações de comportamento, de outro como acinesias/bradicinesias e rigidez, por exemplo.

A figura abaixo apresenta um resumo funcional das conexões excitatórias e inibitórias dos núcleos da base, incluindo os neurotransmissores envolvidos em cada sinapse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Concluindo, a ampla gama de possibilidades da DBS pode trazer significativas melhoras no estado clínico dos pacientes com disfunção nessas vias, mas deve ser reservada a casos especiais, guardados os devidos riscos em submeter os pacientes a um procedimento invasivo.

 

 

REFERÊNCIAS
Gonçalves Ferreira A. Estimulação cerebral profunda, Acta Med Port 2014

Introdução a Neurologia e Neurocirurgia/ organizado por José Arnaldo Motta de Arruda – Fortaleza: Premius, 2015
Neuroanatomia: texto e atlas/ John H. Martin – 4. Ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013
http://depto.icb.ufmg.br/dmor/neurovia/aulas/nucbase.htm
http://anatpat.unicamp.br/bineucerebrocoronal.html

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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