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Meningoencefalite amebiana primária : relato de caso

           

            Meningoencefalite amebiana primária (MAP) é uma patologia causada por infecção por Naegleria fowleri, ameba de vida livre que eventualmente parasita o homem onde ocasiona quadro de rápida evolução e fatal. Relata-se cura de apenas um ou dois casos da doença em tratamento com anfotericina B, no entanto com graves sequelas neurológicas. N. Fowleri é encontrada em lagos, lagoas, rios ou outra fonte de água, onde a entrada do patógeno se dá pelo contato da água contaminda com a nasofaringe do ser humano.

            O quadro inicial compreende febre e cefaleia, acompanhada de rinite e dor na garganta. Em menos de três dias a cefaleia e a febre se intesificam levando a rigidez da nuca, lombalgia e vômitos. O quadro pode evoluir com anestesia ou hipoestesia, porém após o terceiro dia é possível a entrada no estado de coma, fazendo-se o desfecho ao final de 5 ou 6 dias com a morte do paciente.

            O exame anatomopatógico mostra necrose dos bulbos olfativos, ratificando que entrada de N. Fowleri se dá pela passagem da nasofaringe para o SNC pela lâmina crivosa do osso etmoide. Relata-se meninges hiperemiadas e presença, nos sulcos e cisternas aracnoideas, de exsudato purulento.

            Em microscopia é possível identificar o acúmulo de N. fowleri em torno de vasos sanguineos, destacamente artérias, caracterizando arterites com a presença de esxudato. É possível ver no cérebro e na medula infiltração de células mononucleares e polimorfonucleares adicionado a presença de hiperemia e presença de exsudato purulento nas meninges.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                 As lesões podem ocorrer no cerebelo, pedúnculo cerebral e gânglios basais, no entanto não chegam a adentrar a substância branca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

               

 

             A punção liquorica mostra aumento de pressão intracraniana e caráter purulento, podendo ser identificada a ameba por exame de microscópico do liquor a fresco, uma vez que a refrigeração mataria as amebas não sendo possível sua identificação. Tal procedimento é utilizado para dar-se diagnóstico diferencial.

            Ao exame físico, o sinal de lasègue se demontra positivo, o que pode sugerir afecção em meninges ou no nervo ciático. No caso relatado, nervo ciático está integro e o acometimento se refere às lesões meníngeas.

            Com o paciente deitado, o médico imobiliza o osso ilíaco e o tornozelo e o paciente levanta a perna com o joelho estendido até mais ou menos 40 graus. O sinal é positivo quando ocorre muita dor na região lombar ou glútea e esta dor segue para o nervo ciático. Também pode sentir parestesias que são sensações de frio, calor e formigamento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

             Para meningite o sinal de Lasègue é acompanhado de outros sintomas como rigidez na nuca e dor de cabeça muito forte.

            Não há um tratamento específico para meningoencefalita amebiana primária. A conduta referida baseia-se consesualmente na aplicação endovenosa de anfotericina B - antifúngico - na dose de 1 mg por kg. O tratamento teve sucesso no caso estudado, onde foi possível se obter alta, no entanto como sequelas, restaram alterações sensitivomotoras decorrentes do processo mielítico após 183 dias de internação com remissão da inflamação.

            Ainda não há uma droga direcionada para o protozoário que seja de maior eficácia no tratamento da infecção por Naeglaria fowleri. Apesar da distribuição ubiquitária da ameba e da gravidade da doença, há poucos casos relatados de infecção por N. fowleri, o que não desperta o interesse da indústria farmacêutica a fim desenvolver drogas com maior resolubilidade.

            Em outro caso em que se obteve sucesso com a remissão da infecção e da inflamação, se fez uso de Anfotericina B associada Rifampicina 450 mg/dia e Cloranfenicol para se evitar uma possível infecção bacteriana que venha a agravar o quadro. Tal conduta tem sido utlizada como protocolo para MAP, em virtude de ter sido caso com sucesso na doença referida.

            Para concluir, faz importante destacar a distribução mundial de N. fowleri podendo ser encontradas em climas tropicais, temperados, sendo isoladas de fontes termais, lagoas, piscinas, águas servidas e esgotos demonstrando importante a realização de procedimentos que visem a filtração de águas consumidos pelo homem e de vigilância sanitária que garantam a qualidade da água consumida pela população.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Editor do artigo: Gabriel Parente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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