
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
Doutô, essa dor de cabeça é grave?
1- Menina, 12 anos, cefaléia há 5 horas.Horas antes da cefaléia sentiu nâuseas e cansaço. Dor de início gradual, do tipo latejante, bitemporal, moderada intensidade, que piora aos esforços físicos, associado a um episódio de vômito, fosfenos e fotofobia. Nega febre. Refere episódio anterior e semelhante há 3 meses atrás. Menarca há 2 meses. Genitora tem enxaqueca. Sem Alterações ao exame.
Qual conduta você deve iniciar?
2- Paciente do sexo feminino ,29 anos, deu entrada na emergência do IJF com o seguinte quadro clínico. Cefaléia de início explosivo, dor severa holocraniana, que não apresentava melhora com a ingestão de analgésicos. A paciente apresentava ainda rigidez nucal , hemiparesia, assimetria de reflexos e hipertermia.
E agora, doutô? Classifique a cefaléia da paciente e o seu prognóstico mais provável.
3- Senhor, 45 anos, cefaléia há 5 meses.Refere episódios súbitos de cefaléia tipo pulsátil, ora à direita, ora à esquerda, acompanhada por visão turva, e em algumas vezes com vômitos, há 5 meses. A dor é de leve a moderada intensidade. Os intervalos são variados, geralmente dura em torno de 2 horas, melhora após uso de Dipirona e repouso. Os episódios são mais frequentes aos domingos, quando costuma comer churrasco e jogar futebol com os amigos. Nega febre. Pai falecido com AVC. FR: 19ipm Pulso: 64 bpm TA: 190 x 110 mmHg Temp:36,4ºC Exame segmentar e neurológico normais.
Qual a classificação para essa cefaléia? Qual a conduta para esse paciente?
4- Mulher de 72 anos, do lar, natural de Portugal. Há cerca de sete anos queixa-se de cefaléia descrita como diária, contínua quando de baixa intensidade e assumindo característica latejante nos picos de maior intensidade. A graduação das crises numa escala analógica de zero a dez, está entre três e dez, atingindo o grau máximo de intensidade várias vezes ao dia, quando passa a ser muito incomodativa. Paciente nega náusea e vômitos. As crises não apresentavam características de enxaqueca, tão pouco sinais de ativação autonômica. A dor esteve sempre localizada na região parietal à direita e envolve área de aproximadamente dois centímetros em seu maior diâmetro, à semelhança do formato de uma moeda. Não há concomitância de outras formas de cefaléia desde a instalação desse quadro.
Doutô, que dor de cabeça é essa?
Respostas
1 A menina apresenta clínica sugestiva de enxaqueca, com as seguintes características: início gradual; dor latejante bitemporal, que ocorre em 40% dos casos; ocorre piora do quadro aos esforços físicos; fotofobia; episódio de vômito e apresentou cansaço após episódio de dor. Nesse caso a conduta indicada é a aplicação do Mapa da Dor, uma vez que, a partir desse relatório, as características da dor são acompanhadas para posteriormente serem analisadas pelo clínico e ,assim, terem um diagnóstico e terapêutica mais precisos.
2 Dor de cabeça súbita e intensa (muitas vezes relatada como a pior dor de cabeça da vida, em trovoada) ,que não apresentava melhora com a utilização de analgésicos. A paciente ainda apresentava característica de irritação meníngea, dor nucal , e acometimentos neurológicos. Diante dessas características aliadas à epidemiologia, faixa etária da paciente, possivelmente esse caso é uma dor de cabeça orgânica secundária a uma hemorragia subaracnóidea. Desse modo, estamos diante de uma emergência neurológica devendo ser tratada de forma rápida e eficiente, de acordo com os protocolos estabelecidos, uma vez que apresenta alta taxa de morbidade. O prognóstico nessas situações não costuma ser positivo.
3 A conduta para esse paciente está no contexto de avaliar e tratar a sua doença de base, hipertensão, e, por conseguinte, tratar a dor de cabeça da qual houve queixa. Nesse caso uma conduta possível seria: antihipertensivo e repouso; avaliação com cardiologista e mapa de pressão sanguínea. Todos esses cuidados são importantes uma vez que o paciente apresenta histórico de acidente vascular cerebral (AVC) na família.
4 A cefaléia da paciente em questão é um tipo raro de cefaléia com poucos casos descritos mundialente.A seguir, vamos ver a descrição da doença, bem como o seu tratamento e prognóstico .A cefaléia numular (CN) ou cefaléia em forma de moeda (coin-shaped headache) foi descrita pela primeira vez por Pareja e colaboradores em 2002. É uma cefaléia de curso crônico, aparentemente primária, sendo a dor restrita a uma área circunscrita do crânio, cuja forma pode ser elíptica ou em moeda. Evolui ao longo do tempo com períodos de dor, intercalados por períodos assintomáticos. Em relação às cefaléias primárias, citamos a “cefaleia idiopática em facada” (CIF) incluída no grupo4: Outras Cefaléias Primárias, (sub-grupo 1) da classificação da International Headache Society (IHS-2004), como sendo a que tem mais semelhança clínica com a CN. O tratamento é geralmente desnecessário e, até o presente momento, não há tratamento específico para esse tipo de cefaléia. Analgésicos ou Anti-inflamatórios não Esteroidais (AINEs) são normalmente suficientes. Entretanto, pacientes com dor moderada ou intensa podem requerer tratamento profilático. Tentativas com drogas antimigranosas, antiepilépticas e antidepressivas provaram ser ineficazes na maioria dos casos. O prognóstico para a Cefaléia Numular ainda é incerto.



